Engana-se quem imagina que a China se apresenta pela vez primeira ao embate de regime internacional por ocasião da dita guerra comercial em trâmite diante dos Estados Unidos. Definitivamente, quem assim pensa, esquece-se de que a milenar nação é vocacionada para a sua própria defesa, tanto quanto para o ataque.
Ora, o povo chinês enfrentou, e expulsou, os temidos exércitos mongóis de seu território, fato a exemplificar a dimensão de um dos inimigos a quem subjugou de forma ardil, estratégica, inteligente e tão sangrenta quanto fora aquele império então mundialmente temido pelas atrocidades cometidas em nome da conquista de territórios.
Mais, a China alterou paradigmas de guerra ao, mesmo que por acaso, inventar a pólvora, o que, convenhamos, é advento até hoje determinante em combates bélicos.
Um dos maiores teóricos mundiais a propósito das estratégias de guerra é o general e filósofo Sun Tzu que, entre os anos 544 a.C. e 496 a.C., forjou os 13 capítulos da obra de cabeceira de grandes governantes e combatentes mundiais até hoje, a "Arte da Guerra".
Séculos, muitos séculos antes de o cientista politico americano Joseph Nye e Harvard qualificarem a forma de dominação de uns países por outros pela força bruta ou financeira pelo "Hard Power", a China não apenas já jogava esse jogo, mas, se saía muito bem, obrigado.
Quando em 1990 o mesmo acadêmico trouxe à luz o que então denominou como "Soft Power", em seu entendimento, a dominação pelo procedimento da sedução fazendo com que uma nação anseie, deseje e sonhe em ser tal qual a dominante (exatamente como vemos aí no Brasil, cuja gente fala, se veste, age, pensa e suspira por tudo o que tem e tudo o que é um outro país), a China já financiava, edificava e ainda mantém espalhados pelo mundo as sempre crescentes unidades do "Instituto Confúcio".
Aproveitando do afamado nome de mais um de seus filósofos pensadores, ensina dialetos, mostra a arte e o modo de vida chinês a quem estiver disposto pela razão que achar conveniente. A eficácia de tal suavidade e sutileza de mais esta forma de combate pode, inclusive, ser detectada pelo amigo e pela amiga que estão lendo agora: ainda não percebeu a cada vez maior procura pelo mandarim, por exemplo, em acréscimo ou até mesmo substituição do inglês?
O campo de batalha contemporâneo se estabelece, também, ou principalmente no ciberespaço, setor tido por definitivo na estipulação do conceito de soberania dada a capacidade de informar ou induzir opiniões ao sabor da vontade do emissor. Protagoniza o exercício do designado "Sharp Power", agora pelos teóricos também americanos Christopher Walker e Jessica Ludwig, definido como o poder que transfixa, penetra ou perfura o ambiente político e informativo dos países alvejados.
Neste passo, tanto americanos quanto chineses, mutuamente, se acusam de investir bilhões de dólares na senda da propagação de notícias falsas e propagação de informações forjadas em falsidade. Tudo em função da disputa pelo domínio da tecnologia 5G, e da concorrência entre a Huawei e Apple.
Disputa pesada, onde os atores de ambos os lados têm tradição, conhecimento, brio, ânimo e muita munição para guerrear.
E nós, aqui, esperando pelo smartphone mais em conta